domingo, 28 de março de 2010

Amor nas coisas de Clarice





"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento."

"O amor é tão mais fatal do que eu havia pensado, o amor é tão mais inerente quanto a própria carência, e nós somos garantidos por uma necessidade que se renovará continuamente. O amor já está, está sempre. Falta apenas o golpe da graça - que se chama paixão."

"Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente."

"Mas há a vida que é para ser intensamente vivida, há o amor. Que tem que ser vivido até a última gota. Sem nenhum medo. Não mata."

"Amor é quando é concedido participar um pouco mais.
Amor é a grande desilusão de tudo mais.
Amor é finalmente a pobreza.
Amor é não ter inclusive amor.
É a desilusão do que se pensava que era amor.
Amor não é prêmio por isso não envaidece."

"Amor será dar de presente ao outro a própria solidão? Pois é a última coisa que se pode dar de si."

"Todos os dias, quando acordo, vou correndo tirar a poeira da palavra amor..."

"Onde aprender a odiar para não morrer de amor?"

"Amor será dar de presente ao outro a própria solidão? Pois é a última coisa que se pode dar de si."

"Mas chegará o instante em que me darás a mão,
não mais por solidão, mas como eu agora:
por amor."



Clarice Lispector

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